Marcámos passo em 2004
O ano de 2004 registou um inversão do ciclo económico. Estávamos em recessão e passámos ao crescimento moderado de 1% do PIB. Este é só por si um sinal positivo, porque ficámos realmente mais ricos em relação a 2003.
Quando analiso as diversas rubricas é que as notícias não são muito animadoras. Em 2004, o crescimento deveu-se sobretudo ao consumo das famílias, +2,3%, o que denota uma regressão do modelo económico apresentado, que queria basear o nosso crescimento no aumento do investimento e da procura externa. Embora o consumo de bens duradouros tenha crescido 3,2% e o investimento 2,4%, aumentando a formação bruta de capital, a consequência foi um aumento das importações que originou uma contribuição líquida negativa da procura externa de 1,3%. A nossa economia continua a não ter resposta interna para as nossas necessidades, daí o agravamento da balança de bens e serviços, que só não foi pior devido ao efeito Euro 2004, que é ciclíco.
Foi um ano em praticamente marcámos passo, no que se refere a mudanças macroeconómicas estruturais. O aumento da nossa dependência externa, poderia levar a uma análise mais pessimista, mas há que descontar o efeito de alisamento do consumo e preparação das empresas para um aumento de produção,induzido por um discurso mais optimista, ou seja, depois de 2 anos de recessão, as famílias e as empresas ao primeiro sinal de retoma, endividaram-se para consumir hoje aquilo que esperam vir a produzir amanhã, o que é aliás é racional num quadro de estabilidade monetária.
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