Congresso do PSD
Como previ, Marques Mendes ganhou o congresso do PSD, mesmo com uma forte composição afecta ao presidente cessante, Pedro Santana Lopes, que se portou de forma extemporânea. Ainda não percebeu o que lhe aconteceu, nem os desafios de futuro, mas não morreu politicamente. Irá andar por aí e não convém subestimá-lo.
O grande derrotado é Alberto João Jardim. Não viu nenhuma das suas ideias apoiadas, o que só demonstra que o PSD percebeu as consequências eleitorais desses devaneios, como tivemos ocasião de assister nas últimas legislativas.
Luís Filipe Menezes apresentou-se numa linha populista e com o apoio tácito de Santana Lopes. Enriqueceu o debate porque foi sério e objectivo, mas a sua derrota representa a rejeição do PPD. Devo dizer que o partido deveria começar a pensar em mudar o seu nome só para PSD, como aliás queria Sá Carneiro ao contrário do que os supostos herdeiros querem fazer crer.
António Borges marcou a sua posição e teve um óptimo resultado na sua moção. Teve a inteligência de não dividir, foi sempre muito claro, deu o benefício da dúvida a Marques Mendes e sobretudo apresentou-se aos militantes. O partido passou a ter uma reserva estratégica.
Depois de tantas críticas, o PSD demonstrou que sabe retribuir aos seus melhores dirigentes. Manuela Ferreira Leite teve uma votação muito expressiva e que nos deve fazer reflectir com mais serenidade sobre o passado.
Não sendo um líder carismática e empolgante, Marques Mendes fez um discurso muito incisivo. Irá estar vigilante à política económica, social e sobretudo aos valores e forma de fazer política. Irá ter já a sua primeira vitória, ao condicionar o referendo do aborto ao referendo europeu. Com sorte ainda o adia para depois das presidenciais o que pode levar à sua não realização, se Cavaco ganhar. Mas futurismos à parte, diz a ciência política, que os líderes eleitos nestes condições, são a prazo. Marques Mendes terá que provar que não é assim e isso só depende dele. É um excelente lider para os próximos dois anos e espero que consiga se impor.
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