Apito Dourado

A ideia de que a justiça em Portugal funciona, começa a ganhar consistência. Os sucessivos casos que têm vindo a público relacionados com a Casa Pia, GNR, fisco, facturas falsas, futebol, têm mostrado finalmente que o poder judicial não age apenas nos pequenos crimes, mas que já tem capacidade de investigar e levar a tribunal casos mais complexos, quer do ponto vista técnico como do ponto de vista social.

As verdadeiras reformas não pertencem a uma única pessoa, mas reconheço o papel fundamental desempenhado pela Dr. Maria José Morgado, que alavancou um trabalho que já vinha de trás e estabeleceu standards muito altos para os que lhe seguiram. Mérito também para os partidos do arco do poder, PS, PSD e PP, criaram as condições políticas para o desenvolvimento desta reforma, que ainda vai no ínicio, o que nos faz ficar mais seguros e crentes no nosso sistema.

Vem isto a propósito do que se tem dito sobre o caso Apito Dourado, e tudo o que lhe está relacionado. Ora, o caso não está morto como foi dado a entender por vários opinion makers, o caso não atinge só pessoas do partido A ou B, o caso não tem medo de uma eventual reacção pública que por vezes se gera em situações de amor à camisola, ou seja, a justiça está a tomar as deligências necessárias, e mesmo que não se apurem culpados, a justiça está a desempenhar bem o seu papel.

Pela parte que me toca, sendo eu adepto do FCP, defendo que se devem averiguar todas as eventuais ilegalidades praticadas por qualquer dirigente portista e devem ser condenados se foram culpados. Mas, isso não invalida o mérito que a Instituição Futebol Clube do Porto tem na conquista de todos os seus títulos, que é indescutivelmente a melhor equipa portuguesa dos últimos vinte anos e a equipa que melhor praticou futebol na Europa nos últimos 2 anos.

A separação entre pessoas e instituições é um sinal de maturidade política e social, que aos poucos se vai instalando na sociedade portuguesa e espero que, esta seja mais uma oportunidade de demonstrarmos essa qualidade.