2005-01-27

Programa Eleitoral - CDU

Tinha eu 10 anos quando caiu o Muro de Berlim e não tenho uma percepção muito clara do que foi o Mundo durante a existência do Bloco Soviético e de toda sua organização centralista e ditatorial. Os exemplos que restam, Cuba, Coreia do Norte e parte da China, são algo longínquos culturalmente e geograficamente, sendo que a ideia de ridicularização que se instalou no Ocidente para com esses países de alguma forma atenuam o carácter desumano desses regimes. Bem sei que os comunistas mais democráticos não concordam com estes regimes, mas a verdade é que nunca os houve democráticos o que me leva a pensar que comunismo e democracia não são compatíveis.
O programa eleitoral da CDU, não é de facto de uma coligação, é de apenas um partido, o PCP, que se mascara para esconder a sua real identidade comunista, que hoje em dia custa a pegar.
Todas as propostas lançadas pelo PCP, estão inquinadas à partida porque partem do pressuposto de um Estado socialista e com uma economia centralista. A visão profundamente ideológica que têm da política e da sociedade portuguesa, não me permitem analisar este programa medida a medida, porque mesmo quando existem algumas boas propostas como na cultura, ambiente, xenofobia, igualdade de oportunidades ou educação, estão sempre completamente subjugadas a orientações de carácter doutrinário que as descontextualizam da realidade e como o tempo não volta para trás e os tempos que nos esperam também não estão de feição para estas propostas, é uma completa perda de tempo reflectir sobre cada uma delas, com o devido respeito democrático que tenho pela instituição PCP.
Há no entanto algumas questões pela gravidade que assumem devem ser denunciadas. A luta deste partido contra os nacionalismos de Direita só pode ter o objectivo de esconder as suas profundas convicções nacionalistas o que é contraditório com as propostas sobre imigração. As referências a políticas de carácter nacional em detrimento de políticas europeias ou internacionais, assim como, a sugestão constante de encerramento de canais que nos ligam ao Mundo é próprio de quem só olha para o seu umbigo e não tem abertura de espírito, o que é contrário ao legado português desde os descobrimentos.
A democratização é constantemente referida para todas as políticas, mas quando se referem à regionalização, ao aborto e à organização interna dos partidos, este principio perde validade, o que me deixa apreensivo sobre o caracter democrático dos seus dirigentes, e nunca é demais lembrar as palavras de Bernardino Soares, que disse que tinha dúvidas sobre se a Coreia do Norte não era uma democracia.
As políticas sociais são de um profundo populismo, com o avanço de números redondos que visam apenas seduzir o eleitorado, com um aumento exponencial dos subsídios do Estado sem a devida contrapartida de recursos financeiros, dado que os impostos sobre capitais e fortunas, todos já sabemos que só seriam cobrados uma vez e se chegassem a tempo, porque a sua fuga seria imediata.
Em relação à NATO e à EU, é defendido o abandono da primeira e uma reformulação da segunda que destruiria a sua génese.
Este programa reflecte o pensamento de algumas pessoas no nosso país, mas duvido que de todo o seu próprio eleitorado, dado que a política do bota abaixo é constante de forma a capitalizar votos pelo descontentamento. É aliás uma visão profundamente pessimista e amargurada que sobressai deste texto, o que neste momento não faz falta nenhuma ao nosso país e espero que o PS reconheça isto e não embarque numa coligação governamental que levaria o país ao fundo do abismo.

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