2005-05-16

Imagem

Todas as tardes levo a minha sombra a beber
Como uma nuvem ao mar de que saiu o meu ser.
Não é mais doce a sombra do cavalo
Aberta pelo luar, e o dono a acompanhá-lo.

Levo essa sombra que destinge
Da minha alma e conserva uma mancha de mágoa;
Triste vestido que me cinge,
Deixou a cor no fundo da água.

Eu, cortado de mim como uma flor (e tenho
Vergonha de me sentir a flor), as mãos embebo
Nessa água que leva a visão de onde venho,
E é para a não perder que, bebendo-a, me bebo.

Autor : Vitorino Nemésio

Blogarama - The Blog Directory Site Meter