Pertinente
por Roberto Rodrigues dos Reis
2005-05-23
2005-05-22
Em mudanças ...
A origem territorial deste blog vai mudar brevemente. Vou passar de Lisboa para o Rio de Janeiro. É para mim uma incógnita o reflexo que terá aqui.
Os pressupostos, a informação, as vivências serão diferentes. A visão consequente sofrerá alterações.
A pertinência dos assuntos aqui tratados será mais subjectiva, deixando de ter o fio condutor que representa a portugalidade entre portas.
É prematuro anunciar o fim, porque não sei o que vai surgir e se vale a pena escrever sofre isso. Mas fica a clarificação.
Este não é um blog biográfico, nem quer ser. Volto a repetir: "É um projecto ainda bebé, mas que aceita bem as críticas, não pretende ser dono da verdade, mas apenas uma forma de ver Portugal e o Mundo, misturando o comentário de assuntos pertinentes, com as diversas artes para libertar o espírito e sugestões de coisas boas.
Aliado à juventude do autor, estará sempre presente um espírito universal de respeito e compreensão de todos, mas também de denúncia e indignação perante a inércia, a crueldade e a corrupção."
Se conseguir manter as premissas originais, tudo irá fluir com naturalidade. Não é um desafio, porque a liberdade da blogosfera permite que não participemos nela.
A importância das palavras desta imensa minoria, vale o que vale. Uns mais, outros menos. A consciência de que ninguém, e friso, ninguém, irá mudar substancialmente a sociedade com a sua intervenção, permite uma agilidade e consistência intelectual que roça em muitos casos a genialidade. Não é caso deste blog, embora faça questão de contribuir e estar presente neste espaço.
Como homem de direita, sinto o sentido do dever. Isso implica participar, intervir, debater e sobretudo seguir o meu caminho com ética, regras e valores, porque resultado será um contributo para o bem estar geral.
2005-05-20
A não perder
hoje à noite no Coliseu de Lisboa, Nitin Sawhney.
No site podem espreitar um pouco do trabalho deste génio musical, perito em fundir géneros e estilos até aqui solitários.
Credibilidade II
Isaltino passou ao ataque e isso só fortalece a posição de Marques Mendes. Politicamente ferido e à nora por não saber fazer outra coisa senão ser autarca de Oeiras, Isaltino Morais com as declarações que fez demonstra que é um político do vale tudo, não provando o que afirma, para além de que é normal em democracia um governo discutir internamente quem deve colocar e onde. Penso que ninguém está convencido que as pessoas são escolhidas para cargos de confiança política, por algum método científico.
A actual direcção do PSD escolheu o caminho mais difícil, mas é o que traz maior vantagem no médio e longo prazo, e talvez já nas próximas eleições se a comunicação for eficaz. Os ataques vão ser cerrados e com os típicos argumentos populistas que colhem bem nos cidadãos. É de capital importância que os dirigentes do PSD não caiam na tentação de seguir essa via e deverão impor-se com respeito, justiça e competência.
2005-05-19
2005-05-18
5000 !
Este dia fica marcado na história deste blog como o dia em que atingiu o bonito número de 5000 page views.
Défice
Há um mês atrás tive ocasião de escrever um post ("Portugal e o PEC") sobre a política económica da coligação PSD/PP e do que deveria ser a política económica deste governo, mesmo com o défice anunciado de 7%. Aqui fica a ideia chave:
"A ideia do governo de apresentar um défice de 7% para depois ir diminuindo ao longo da legislatura, parece-me correcta se forem cumpridos os seguintes critérios. Não aumentar o peso da despesa primária em valores superiores à inflação, não aumentar impostos, proceder à diminuição dos funcionários públicos sem despedimentos, diminuir o peso do Estado na economia, diminuir o défice comercial e continuar a política de combate à evasão fiscal que tem tido óptimos resultados.
Ao serem cumpridos estes critérios, o acréscimo de despesa será para investimento e dinamizará o tecido produtivo. Aqui também existem dois perigos. O avanço do plano de tecnológico deve ser faseado e correspondente às necessidades, senão teremos técnicos, cientistas e tecnologia para ficar armazenada, assim como, deverá ser criada uma lista de prioridades que tenham em conta o benefício económico e social, sempre em termos de equidade territorial, sobe pena dos grandes investimentos serem feitos nas duas áreas metropolitanas, onde é mais certo o seu retorno mas aumentando os problemas da desertificação, caos urbanístico e desigualdade social."
2005-05-17
2005-05-16
Bairro Alto
Há 3 anos atrás a actual vereação lisboeta iniciou uma operação de reabilitação do Bairro Alto. Fecharam as ruas ao trânsito, reforçaram as verbas para a requalificação dos prédios, aumentaram o policiamento e a segurança, reforçaram a promoção turística e criaram uma rede de transportes nocturnos de apoio ao bairro.
Esta aposta foi estruturante para a cidade passando o Bairro Alto a ser um dos maiores cartões de visita da capital.
No Euro 2004 os estrangeiros estavam encantados, faziam elogios sinceros e levaram boas recordações, tendo os lisboetas reencontrado-se com parte da sua história e relembraram-se que a Lisboa antiga é a génese desta cidade.
Mas tudo isto foi efémero. Passados alguns meses após o Euro 2004 as autoridades abandonaram o Bairro. Voltou a violência, os assaltos, a insegurança e as paredas estão repletas de grafitis. O Bairro está feio !
Tudo o que foi criado está em risco de acabar e isso é triste e prejudicial para todos. A competitividade da cidade no panorama europeu passa não só pela preservação do que tem sido feito, mas também pelo reforço de todas as políticas que permitiram que o Bairro Alto e Lisboa passassem a ser um só.
Imagem
Todas as tardes levo a minha sombra a beber
Como uma nuvem ao mar de que saiu o meu ser.
Não é mais doce a sombra do cavalo
Aberta pelo luar, e o dono a acompanhá-lo.
Levo essa sombra que destinge
Da minha alma e conserva uma mancha de mágoa;
Triste vestido que me cinge,
Deixou a cor no fundo da água.
Eu, cortado de mim como uma flor (e tenho
Vergonha de me sentir a flor), as mãos embebo
Nessa água que leva a visão de onde venho,
E é para a não perder que, bebendo-a, me bebo.
Autor : Vitorino Nemésio
2005-05-12
O caso PP / Portucale
Sem entrar em promenores jurídicos, porque os desconheço, pelas informações disponíveis, a decisão de contrução do empreendimento turístico em Benavente é acertada. É vantagosa social e economiacamente para o concelho e não traz prejuízos ambientais, porque a lei diz que têm que ser plantados noutra área, o número igual de sobreiros abatidos.
Se esta decisão se baseou numa tentativa de tirar vantagens para o PP ou dos seus dirigentes, o tribunal deverá apurar responsabilidades. Até lá existe a presunção de inocência.
O grande ponto positivo deste caso, é a questão de fundo que lhe está subjacente, mesmo que se venha a provar que não houve tráfico de influências.
O actual quadro jurídico para construção em áreas protegidas é completamente desfasado das necessidades e realidades sociais e económicas. Pela lei é permitido contruir quantos fogos de habitação social um presidente de câmara achar que deve, mas não é permitdo construir um empreendimento turístico que gera emprego e riqueza. Num país urbanisticamente caótico, eu percebo que se tenha caído no erro de fazer uma lei fundamentalista que quase nada permite, para proteger o meio ambiente.
Mas é tempo de revê-la com serenidade e bom senso, sempre numa perspectiva de preservação ambiental e ecológica, mas conciliando ( e isso é possivel ) com a dinamização turística do país.
As posições do tudo ou nada, neste caso não beneficiam niguém. Vai ser necessário lidar com este caso e o PS comprometeu-se no programa de governo a rever a actual lei, até porque é necessário para avançar com os vários projecto anunciados esta semana ao abrigo do programa PIN.
2005-05-11
A reler
o post "Pode já ser tarde". Hoje vieram notícias a público sobre a confirmação oficial da possibilidade de construção de bombas nucleares por este regime.
É convicção de muitos organismos internacionais que os norte-coreanos já as têm. Este reconhecimento é apenas um passo no processo de intimidação em vigor, com consequências imprevisíveis.
Lisboa-Dakar
Já está confirmada a partida da maior prova automobilística mundial da capital portuguesa. Por apenas 5 milhões de euros, Portugal terá uma projecção mundial gigantesca. Tem uma relação custo/benefício certamente muito superior ao Euro 2004 e deve fazer-nos reflectir sobre a política de eventos no nosso país. Parabéns a João Lagos e à sua organização.
2005-05-10
Persistir no erro
O ministro das obras públicas anunciou hoje que as grandes obras, como o aeroporto e o TGV, são para realizar e depressa. Sem questionar a utilidade das mesmas, porque as têm, devia-nos fazer pensar o facto de a Irlanda ter menos dois terços de kilometros de autoestrada por habitante do que nós.
É nestas opções que se vê que o plano tecnológico não é para ser levado a sério. A dotação orçamental é irrisória quando comparada com os grandes survedores de recursos do Estado.
Medidas gratis são fáceis de tomar, mas quando é necessário mexer nas grandes fatias do orçamento, a cedência aos lobbies da construção é imediata.
Os estudos feitos sobre o impacto do investimento público na economia são muito positivos. É de certeza neles que se baseiam estas decisões. Mas não existe outra opção para comparar estes resultados, porque nunca foi tentada outra política com alguma consistência. O investimento nas pessoas leva anos e nunca foi tentado com o devido planemento a longo prazo.
Mas já que o Governo insiste em seguir a política de obras públicas como motor da economia, eu recomendo que comece pela reconstrução de toda a rede de abastecimento de água, pois é aí que se encontra o verdadeiro desperdício que nos leva a ter anos de seca. Bem sei que é o tipo de obra que causa incómodo e não dá votos, mas em inicio de mandato é a altura ideal para tomar este tipo de medidas.
Informalidade
O Banco Mundial vem confirmar o que já se sabe há muito tempo e pouco se tem feito para resolver. A corrupção e a justiça são o principal factor de entrave ao desenvolvimento português. Reconheço alguns progressos nos últimos anos, mas para quando um combate mais sério e eficaz a este problema ?
2005-05-09
2005-05-06
Madeira Story Centre
O mais recente equipamento cultural madeirense onde é possível fazer uma viagem interactiva de uma hora e meia pela história da Madeira.
2005-05-05
Abrupto
Parabéns a José Pacheco Pereira. É o líder e a referência da blogosfera portuguesa.
Mostra o lado melhor da intelectualidade portuguesa e aproxima-a aos comuns. Espero que assim continue, por muito tempo.
O espanto de Sampaio
Jorge Sampaio está estupefacto com o que se passa nas estradas portuguesas. Sempre ouviu falar de números e sempre viu as notícias, mas só agora é que tomou consciência do problema da sinistralidade.
O problema não está só no Presidente. Este caso é paradigmático da nossa classe politica. É fechada, distante, rotineira, alheada e académica. Mesmo quando descem ao terreno, vão com tudo preparado para ouvir aquilo que querem e dizer aquilo que lhes apetece. Esta presidência aberta teve o mérito do confronto com a realidade. Mas estas acções não resolvem o autismo da classe politica. O contacto tem que ser diário e os politicos têm que tentar levar uma vida tanto quanto possível, parecida com os demais cidadãos. Nos países nórdicos é assim, há ministros que vão trabalhar de bicicleta.
Para esta situação, não é estranho o facto de os políticos serem todos amigos e frequentarem os mesmos locais. É normal em colegas de profissão, mas revela que andam todos a falar uns para os outros, mesmo sendo de partidos diferentes.
Não quero com isto fazer o elogio dos políticos à Alberto João, Ferreira Torres ou Tino, que só valem no terreno porque bebem vinho na tasca, vão às feiras e às festas populares. Isto provoca o inverso do actual problema. O excesso de proximidade não beneficia as decisões racionais e de interesse geral.
Os politicos têm que procurar um meio termo, falar com a sociedade civil constantemente e não só para as câmaras registarem, para assim evitarem os espantos com a realidade.
2005-05-04
Moloko
O site tem imensas fotografias e um video da banda ao vivo, disponíveis para quem se regista.
Referendo adiado
O Presidente tomou a decisão acertada. Deu razão a Marques Mendes, não cedendo ao populismo demagógico de referendar o aborto primeiro que a Europa. Não pelo sentido de voto em qualquer um deles, mas pela importância que têm para a comunidade como um todo, é mais relevante neste momento o referendo à Constituição Europeia.
Com este adiamento, em principio não haverá oportunidade de o realizar durante o mandato de Jorge Sampaio. Há eleições autárquicas em Outubro e Presidenciais em Março de 2006.
O que pode parecer para já uma "vitória" do centro-direita, pode representar um sério problema. A esquerda vai aproveitar as presidenciais para inserir este tema tentando fracturar a sociedade entre esquerda e direita, consoante o sim ou não ao aborto, e espera daí tirar dividendos para o seu candidato. É preciso que Cavaco Silva não se deixe levar a reboque dos acontecimentos e logo que apresentar a candidatura, propor um referendo ao aborto o mais breve possível, adiando a sede da discussão para o devido tempo.
Lisbon Revisited
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ir sozinho,
Já disse que sou só sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul - o mesmo da minha infância -,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
Autor : Álvaro de Campos