2005-03-31

Incongruências


Fonte : desconhecido

Dafur I

A crise humanitária no sul do Sudão é dramática. Existem 3 milhões de pessoas afectadas, 1,8 milhões tiveram que se deslocar para outras partes do país, 200 mil refugiraram-se no Chade e estima-se que o número de mortos pode chegar aos 200 mil, tudo pela guerra imposta aos Negros e Cristãos do sul do país pelos Janjaweed ("homens maus a cavalo") apoiados pelo Governo, na tentativa de os aniquilar enquanto etnias e grupos. Esta região sempre foi turbulenta, mas nunca atingiu estes contornos. Desde Junho de 2004 que se têm fortes indicações da prática de genocídio, mas os países desenvolvidos ou pertencentes ao Conselho de Segurança da ONU, entretiveram-se em debates académicos sobre o uso da palavra genocídio numa situação em que o Governo não age directamente. Entretanto foi morrendo gente e muitos vivem situações desumanas, longe das suas casas e sem meios de sobrevivência.
Enoja-me a complacência perante este terror. Ninguém agiu, niguém queria discutir, ninguém sabia de nada. O terreno é difícil e que tem altos custos controlar a região. Estima-se em $1 bilião. Mas a dignidade humana, o direito à vida e a punição de responsáveis por genocídio, não são razão suficientes para criar uma coligação ? Nem o facto de este país pertencer ao Eixo do Mal, motivou as mentes da guerra a intervir, com a melhor desculpa possível para controlar o governo sudanês.
A ONU, finalmente conseguiu pôr 10000 tropas no terreno, mas são insuficientes, porque o acordo de paz assinado recentemente não está a ser cumprido. O futuro deste povo continua incerto e com uma carga de sofrimento arrepiante.

2005-03-30

Mais dois aderentes

O Parlamento Europeu aprovou a adesão da Bulgária e da Roménia à UE em 2007, mas com algumas condições em termos de funcionamento das instituições democráticas e dos mercados. É positivo. Fortalece a UE como um todo, cria oportunidades mútuas e é uma sequência lógica no sentido de unificar o espaço geográfico europeu.
Muitos dirão que são mais concorrentes para os fundos estruturais e que nos vão causar deslocalização de empresas, devido à mão-de-obra barata. Portugal é o país da UE mais prejudicado com o alargamento a Leste, mas veja-se o caso da Jerónimo Martins na Polónia, como um exemplo de tirar vantagens competitivas desta situação. Uma visão míope da UE, levará a uma marginalização da nossa participação e muitos dos problemas que nos vêm causar, são da nosso inteira responsabilidade. Por isso está na altura de arregaçar as mangas e deixar de viver na ilusão dos apoios europeus eternos. Eu tenho o sonho, que este país um dia seja apenas contribuinte e não um beneficiário do orçamento europeu.

Ajude os cambodjanos

a levar os Khmers Vermelhos, responsáveis pela morte de centenas de milhares de pessoas durante os anos 70, a tribunal.
A ONU incentivou a criação de um fundo para ajudar a este ajuste de contas com o passado, pela natureza e escala das mortes durante este regime.
Todos os acusados terão oportunidade de se defender.

2005-03-29

Cucurrucucu Paloma



Dicen que por las noches
Nomas se le iba en puro llorar,
Dicen que no comia,
Nomas se le iba en puro tomar,
Juran que el mismo cielo
Se estremecia al oir su llanto;
Como sufrio por ella,
Que hasta en su muerte la fue llamando

Ay, ay, ay, ay, ay,... cantaba,
Ay, ay, ay, ay, ay,... gemia,
Ay, ay, ay, ay, ay,... cantaba,
De pasión mortal... moria

Que una paloma triste
Muy de manana le va a cantar,
A la casita sola,
Con sus puertitas de par en par,
Juran que esa paloma
No es otra cosa mas que su alma,
Que todavia la espera
A que regrese la desdichada

Cucurrucucu... paloma,
Cucurrucucu... no llores,
Las piedras jamas, paloma
¡Que van a saber de amores!
Cucurrucucu... cucurrucucu...
Cucurrucucu... paloma, ya no llores

Original : Tomas Mendez

Versão : Caetano Veloso

Quirguistão

O parlamento já confirmou ontem Kurmanbek Bakiyev como novo presidente desta república. É a legitimação do novo parlamente eleito, nas suas plenas funções.
A Rússia, entretanto já disse que apoia o novo governo e inclusive já está a enviar ajuda humanitária. É um bom sinal a favor da libertação deste povo oprimido por uma "democracia musculada", mas a luta promete ser longa à semelhança com o que se passou na Ucrânia, com a desvantagem de a oposição estar pouco organizada.
Voltarei aqui.

2005-03-28

Confiança não é suficiente

Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia e presidente do conselho económico no primeiro mandato de Bill Clinton, declarou num seu livro que o factor confiança é o refúgio daqueles que não encontram melhores argumentos, permitindo que o «homem de negócios transformado em político» continue impunemente a aconselhar políticas. Vindo de um homem que também já publicou "Globalização, a grande desilusão" e que não é um monetarista, serve de exemplo ao novo Governo de José Sócrates, que terá que fazer mais do que transmitir confiança aos investidores e à sociedade, mesmo com as instituições a funcionarem bem. É por isso urgente o lançamento de sinais, já que as medidas é natural que demorem mais algum tempo, sobre o caminho que vão seguir nas reformas estruturais que o país precisa.

2005-03-24

Boas Páscoas


Porto Santo

2005-03-23

Nomeio o mundo

Com medo de o perder nomeio o mundo,
Seus quantos e qualidades, seus objectos,
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos.

Nomeei as coisas e fiquei contente:
Prendi a frase ao texto do universo.
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,
Em cada pausa e pulsação, um verso.

Autor : Vitorino Nemésio

2005-03-22

The Corporation

Mais um documentário pouco sério. Desta vez sobre as corporações de multinacionais americanas. A ideia que tentam passar, é que as corporações e o capitalismo em si, são maléficos para a sociedade. Mas não são. Não é referido a riqueza que essas mesmas corporações criam para os EUA, não é referido o número de empregos que gera, não é referido a responsabilidade pela inovação e investigação nas mais diversas áreas, enfim, é ocultado tudo o que de bom tem resultado destas organizações.
Mas será que existem abusos de poder ? Será que existe manipulação da opinião pública ? Será que não existem preocupações ambientais e socias ? Sem dúvida que todos estes males são uma realidade e devem ser denúnciados, como é feito ao longo do documentário. Os diversos abusos cometidos são humanamente condenáveis e devem ser alvo da justiça. Como capitalista, não gostei de ver o trabalho infantil, patentes sobre bens que deveriam ser universais, a privatização da chuva, as deslocalizações de fábricas, a deflorestação, a manipulação de crianças. A solução idílica, que passa de uma forma sublime, é de que se deve dar a direcção da economia à pessoa comum. O socialismo, todos sabemos no que resultou, e mesmo que se apresentem versões mais soft e teoricamente mais humanas, o resultado seria uma ainda maior proliferação da pobreza pelo mundo e um aumento da injustiça social.
O facto que os opositores à actual ordem mundial, enveredarem pela crítica fácil, pouco construtiva e demagógica, não dever servir de desculpa para não se fazer nada. A regulamentação da economia de mercado, a preservação do ambiente e uma maior garantia dos cidadãos face ao futuro, devem continuar a ser alvo de aprofundamento e fiscalização, sobe pena de se auto-destruir o capitalismo, com todas as consequências nefastas para todos.

2005-03-21

Programa de Governo

O Programa de Governo é em tudo semelhante ao Programa Eleitoral do PS, dando seguimento à vontade manifestada pelos eleitores. Por isso todas as minhas críticas feitas no post "Programa Eleitoral - PS", transitam para este documento.
O discurso do 1º Ministro, permitiu descortinar quais são as suas prioridades imediatas. Anunciou um investimento privado de 20 mil milhões de contos até ao fim da legislatura, o que devido à falta de oposição fiquei sem saber se já estavam programados ou se resultam de um acréscimo de confiança gerado nos investidores, a via rápida do licenciamento que é um bom sinal de desburocratização, combate à fraude nos subsídios de doença e desemprego o que me surpreendeu, pois a esquerda aborda este tema com um certo laxismo, o avanço da lei das rendas maquilhada para parecer que é outra, a continuação da política de apoio à terceira idade agora sob a forma de uma prestação social, a reactivação do programa Polis para aumentar a qualidade de vida e a implementação do príncipio por cada duas saídas uma entrada na Função Pública.
A falta de honestidade intelectual veio ao de cima quando se falou no fim do uso das receitas extraordinárias até ao final da legislatura. É natural que assim seja. Com a revisão do PEC e com o crescimento económico dos próximos tempos, mesmo com o anterior governo, o nível de receitas extraordinárias iria diminuir, e é preciso vincar que foram usadas durante este tempo não só por critérios orçamentais, mas também para atenuar a crise e não fazer disparar ainda mais o desemprego.
Foi anunciado também, a liberalização da venda de medicamentos sem receita médica, a redução das férias judicias e a liberalização do mercado energético. São as chamadas medidas grátis (esta expressão irá fazer parte do vocabulário político nos próximos tempos). Portugal bem precisa de muitas medidas destas, pois há muitos procedimentos e legislação caduca que protege os interesses. Mas não são suficientes e denotam desde já uma falta de coragem em mexer em áreas mais estruturantes.
Como também afirmei na noite eleitoral, se o programa eleitoral for aplicado tal como está não é de todo mau e pode até gerar alguns bons resultados, embora defenda que há outro caminho. Espero que o custo de oportunidade de não se seguir políticas mais ambiciosas e mais ajustadas às necessidades do país, não seja muito prejudicial.

Philtre


O novo álbum de Nitin Sawhney dia 2 de Maio. Promete ser mais uma fusão de vários géneros desde o flamengo até ao R&B, passando pela música clássica indiana, Bengali folk, blues e drum n´bass. Os recentes trabalhos como DJ, reflectem-se numa batita mais groove, mas sem perder o lado intimista.
Por cá o concerto está marcado para dia 20 de Maio no Coliseu.

2005-03-20

Animal de Circo

"Amará o seu domador o antigo animal selvagem, hoje animal de circo ? Pode ser que sim, mas não é obrigatório. Dependem ambos um do outro, de forma desesperada. Um precisa do outro para se inchar como um sapo-rei, ajudado pelas habilidades daquele à luz dos holofotes, e para o Barrabás da música, o outro precisa deste para possuir um ponto de referência no meio do caos generalizado que lhe ofusca o olhar. O animal tem de saber o que fica por cima e o que fica por baixo, senão de repente aparece a fazer o pino. Sem um treinador, o animal estaria condenado a precipitar-se desamparado em queda livre, ou a vagar à deriva no espaço e estralhaçar com dentes, garras e goelas, sem critério, tudo o que se lhe cruza no caminho. Porém, assim, há sempre alguma pessoa que lhe diz o que vale a pena fruir. Às vezes, o objecto da fruição é-lhe já servido pré-mastigado ou cortado em bocados. A busca tantas vezes dilacerante de comida é por completo abolida. E com ela a aventura na selva. Porque nesta o leopardo ainda sabe o que é bom para si, e lança-lhe a garra, quer seja antílope ou caçador branco que descurou a guarda. O animal leva agora uma vida de contemplação durante o dia, meditando nas habilidades que tem de executar à noite. Aí, salta através de arcos em chamas, sobe para tamboretes, cerra as mandíbulas com estalido, envolve as gargantas sem as rasgar, executa passos de dança a compasso, com outros animais ou a solo, com animais aos quais se arremeteria à gorja se com eles topasse na estrada aberta da selva, sem trânsito em contrário, ou dos quais fugiria a sete pés se ainda estivesse a tempo. O animal traz uns disfarces amacacados sobre a cabeça ou o dorso. Já outros foram vistos montando cavalos, todos arreados de couro ! E o seu amo, o domador, faz estalar o chicote ! Ora louva, ora castiga, é conforma. É conforma o merecimento do animal. Mas nem o domador mais refinado teve algum dia a ideia de enviar para a estrada um leopardo ou uma leoa com uma caixa de violino a tiracolo. Um urso de bicicleta é já o mais extravagante que uma pessoa consegue imaginar."

in A Pianista, Elfried Jelinek

2005-03-19

Forbidden Colours



The wounds on your hands never seem to heal
I thought all I needed was to believe

Here am I, a lifetime away from you
The blood of Christ, or the beat of my heart
My love wears forbidden colours
My life believes

Senseless years thunder by
Millions are willing to give their lives for you
Does nothing live on?

Learning to cope with feelings aroused in me
My hands in the soil, buried inside of myself
My love wears forbidden colours
My life believes in you once again

I'll go walking in circles
While doubting the very ground beneath me
Trying to show unquestioning faith in everything
Here am I, a lifetime away from you
The blood of Christ, or a change of heart

My love wears forbidden colours
My life believes
My love wears forbidden colours
My life believes in you once again

Artista : David Sylvian

2005-03-18

Estudo

Sobre blogues políticos em Portugal.

The Figure 5 in Gold


Charles Demuth

2005-03-17

Proposta polémica

A malta de esquerda deve estar de cabelos em pé. França e Alemanha idem.
A proposta de nomeação de Paul D. Wolfowitz para Presidente do Banco Mundial, dá-lhe um forte poder de decisão e influência na esfera internacional e representa a via económica de imposição da sua doutrina neoconservadora, sejam quais forem os meios. É o espírito de Maquievel na sua forma mais pura, porque os fins são nobres, mas os meios muito questionáveis e sobretudo à custa de muitas vidas.
Dada a nossa impotência, mas constante protesto, resta-nos aferir dos resultados deste homem no panorama internacional.
Como alguém disse, de repente os sírios vão retirar do Líbano, de repente há eleições marcadas na Arábia Saudita e no Egipto, de repente o processo de paz no Médio Oriente começa a andar. Não podemos ficar impávidos a este cenário. Houve anos a fio em que nada avançou. Contudo a questão inicial é a mesma. Tinham os americanos legitimidade para invadir o Iraque ? Continuo a achar que não e tenho esperança que de futuro se encontrem outras soluções mais pacíficas para resolver estes casos complexos.
Mas não podemos continuar a olhar para o passado. Não é preciso aplaudir a administração americana, mas podemos partilhar o que de bom resultou da sua estratégia e a própria vantagem que é em si, a saída de Paul D. Wolfowitz de subsecretrário da defesa, embora continuem na administração Rumsfeld e Cheney.
Na linha do que tem sido o seu desempenho político, é de esperar que como Presidente do Banco Mundial acentue o combate contra à corrupção nas ajudas prestadas e esperam-se decisões muito acertada economicamente no longo prazo, mas de grande sofrimento e perda de vidas no curto prazo. Haverá também uma proliferação de regimes democráticos, mas pela via da imposição e da acelaração da história, impedindo que cada país faça e escolha o seu caminho.
Por fim o grande objectivo, e é por isto que será julgado o seu mandato, é a inversão da tendência de afastamento entre as economias mais ricas das mais pobres, que se tem verificado nos últimos anos e que aumentam a desigualdade e injustiça social.

Perfilados de Medo

Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.

Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.

Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.

Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...

Autor : Alexandre O´Neill

2005-03-16

Balanço Trimestral

Este blog como tem pretensões de fazer parte do PSI 20 da blogosfera, todos os trimestres irá fazer um balanço aos seus leitores.
É um projecto ainda bebé, mas que aceita bem as críticas, não pretende ser dono da verdade, mas apenas uma forma de ver Portugal e o Mundo, misturando o comentário de assuntos pertinentes, com as diversas artes para libertar o espírito e sugestões de coisas boas.
Aliado à juventude do autor, estará sempre presente um espírito universal de respeito e compreensão de todos, mas também de denúncia e indignação perante a inércia, a crueldade e a corrupção.
Confesso que o número de visitas ainda deixa a desejar. Foram à volta de 2300 page views, mas com um grande aumento no último mês.
Quero agradecer a todos os que têm divulgado este espaço, especialmente aos blogs Abrigo de Pastora, Blogo Social Europeu, Causa Liberal, Eclético, Elasticidade, Erotismo na Cidade, Exacto, Ilhas, O Insurgente, O Observador, Os Inseparáveis, Pura Economia e Rua da Judiaria, que me referenciaram nos seus links.

Pelo carácter efémero dos posts, ficam aqui os links dos mais pertinentes e comentados até ao dia 4 de Março:

Afirmação Positiva ( sobre a Madeira )
Violência Não
Teany Cafe
Regulamentação
Dissolução
Vamos defender o Aqueduto das Águas Livres
Before Sunset
Sugestão do Dalai Lama
Ice Hotel
Entrevista Infeliz
Viagem a São Tomé e Príncipe
Mortes no Dakar
George W. Bush - 2º Mandato
3D-Funchal
Lounge Radio
Eleições no Iraque
Bar 0815
Jean Nouvel
Um longo Domingo de noivado
Tragédia no Sudoeste Asiático II
Pôr do Sol no Pico Ruivo
Pode já ser tarde
Dia desnecessário
Presidente alcança objectivos
Relatório Kinsey

Devido à mudança do programa de comentário, da Blogger para a Haloscan, perdi muitos dos comentários feitos. Daqui para a frente tudo será mais estável. I hope !

Tragédia no Sudoeste Asiático IV

As boas notícias sobre a forma como está a ser programada a reconstrução e o apoio às vitímas continuam a surgir. Há uma grande solidariedade mundial nesta questão, embora continue a pensar que a opinião pública ocidental não tem noção da real dimensão da tragédia humana.
A ONU disponibilizou um fundo de $1 bilião e contratou a Pricewaterhousecoopers para fazer um acompanhamento exaustivo do destino das verbas, depois das broncas que têm vinda a público e que não ajudam nada na sua credibilidade.
Uma parte substancial das ajudas, está a ser disponibilizado por microcrédito às famílias. Este mecanismo muito específico é essencial para repor os bens acumulados ao longo de uma vida.
O sector das pescas foi o mais afectado pelo tsunami, mas para além da reconstrução das infraestruturas, irão ser criados mecanismos de protecção das reservas pescatórias para impedir o seu esgotamento e impor uma exploração sustentada dos recursos marítimos.
Na índia, a reconstrução irá ser mais cara do que o real valor da destruição, valorizando os seus activos e preparando-se para novos desastres naturais, que têm tendência a aumentar devido às alterações climáticas e que podem originar até um deslocamento de população para zonas menos sensíveis. Esta será também a política de outros países afectados, demonstrando que estão a aprender com os erros do passado.

Tragédia no Sudoeste Asiático III

Relativamente ao último post sobre este assunto, tenho que fazer algumas correcções.
O impacto económico desta tragédia na Índia, Indonésia, Sri Lanka e Tailândia, teve de facto consequências macroeconómicas muito limitadas, mas as Seychelles e as Maldivas viram as suas economias seriamente afectadas, com as Maldivas a corrigirem as previsões de crescimento do PIB de 5% para 1%. A Somália devido ao isolacionismo, não é possivel ter dados concretos.
As vítimas mortais estão neste momento em 280 mil e um número incalculável de pessoas afectadas directa e indirectamente. Este número é contudo abaixo de algumas previsões que apontavam para 400 mil mortos, o que não serve de consolação dada a dimensão da tragédia.

2005-03-15

Man, Burkina Faso


For many men in West Africa, scarring is a form of tribal initiation and a sign of bravery. Done with razor blades, the painful process starts at puberty and continues into adulthood. Each tribe has distinctive tattoo designs; this man’s markings indicate his village and his clan and include black magic symbols to keep away evil spirits.

Fonte : National Geographic

Nunca devia ter saído

Lisboa com Santana Lopes ficou mais europeia. Fecharam-se ao trânsito bairros históricos, recuperaram-se edifícios, há mais jovens a viver no centro da cidade, aumentaram os espaços verdes, a noite está mais segura e regulamentada, devolveu-se Monsanto à cidade, melhourou-se a agenda cultural, garantiu-se o Rock in Rio para mais uma edição, aumentaram as zonas de contacto com o Tejo e sobretudo arrumou-se a cidade, acabando com o crescimento descontrolado até então.
Ainda faltam seis meses para emitir um juízo final, mas já se pode considerar o mandato como francamente bom. É de toda justiça que Santana Lopes volte a ocupar o lugar para que foi eleito, mas sobretudo o lugar para o qual tem perfil e capacidade para exercer bem.

Sobre a falta de sentido estético

"Por princípio, o instinto de rebanho tem por elevado o que é mediano. Louva-o, considerando-o valioso. Pensam que são fortes, porque constituem a maioria. Na camada intermédia não há sobressaltos, não há medo. Apertam-se uns contra os outros, por causa da ilusão de calor. Na mediania, com nada se fica só, muito menos consigo próprio. E como ainda ficam contentes com isso ! Nada na sua existência lhes dá azo a uma repreensão e ninguém poderia repreendê-los na sua existência."

in A Pianista, Elfriede Jelinek

2005-03-14

Marcámos passo em 2004

O ano de 2004 registou um inversão do ciclo económico. Estávamos em recessão e passámos ao crescimento moderado de 1% do PIB. Este é só por si um sinal positivo, porque ficámos realmente mais ricos em relação a 2003.
Quando analiso as diversas rubricas é que as notícias não são muito animadoras. Em 2004, o crescimento deveu-se sobretudo ao consumo das famílias, +2,3%, o que denota uma regressão do modelo económico apresentado, que queria basear o nosso crescimento no aumento do investimento e da procura externa. Embora o consumo de bens duradouros tenha crescido 3,2% e o investimento 2,4%, aumentando a formação bruta de capital, a consequência foi um aumento das importações que originou uma contribuição líquida negativa da procura externa de 1,3%. A nossa economia continua a não ter resposta interna para as nossas necessidades, daí o agravamento da balança de bens e serviços, que só não foi pior devido ao efeito Euro 2004, que é ciclíco.
Foi um ano em praticamente marcámos passo, no que se refere a mudanças macroeconómicas estruturais. O aumento da nossa dependência externa, poderia levar a uma análise mais pessimista, mas há que descontar o efeito de alisamento do consumo e preparação das empresas para um aumento de produção,induzido por um discurso mais optimista, ou seja, depois de 2 anos de recessão, as famílias e as empresas ao primeiro sinal de retoma, endividaram-se para consumir hoje aquilo que esperam vir a produzir amanhã, o que é aliás é racional num quadro de estabilidade monetária.

2005-03-13

Fast as you Can



I let the beast in too soon, I don’t know how to live
Without my hand on his throat; I fight him always & still
O darling, it's so sweet, you think you know how crazy
-How crazy I am
You say you don’t spook easy, you won’t go, but I know
And I pray that you will
-Fast as you can, baby run-free yourself of me
Fast as you can
I may be soft in your palm but I’ll soon grow
Hungry for a fight, and I will not let you win
My pretty mouth will frame the phrases that will
Disprove your faith in man
So if you catch me trying to find my way into your
Heart from under your skin
-Fast as you can, baby scratch me out, free yourself
Fast as you can
Fast as you can, baby scratch me out, free yourself
Fast as you can
Sometimes my mind don’t shake and shift
But most of the time, it does
And I get to the place where I’m begging for a lift
Or I’ll drown in the wonders and the was
And I’ll be your girl, if you say it’s a gift
And you give me some more of your drugs
Yeah, I’ll be your pet, if you just tell me it’s a gift
Cuz I’m tired of whys, choking on whys,
Just need a little because, because
I let the beast in and then;
I even tried forgiving him, but it’s too soon
So I’ll fight again, again, again, again, again.
And for a little while more, I'll soar the
Uneven wind, complain and blame
The sterile land
But if you’re getting any bright ideas, quiet dear
I’m blooming within
Fast as you can, baby wait watch me, I’ll be out
Fast as I can, maybe late but at least about
Fast as you can leave me, let this thing
Run its route
Fast as you can (repeat 4 times)

Artista : Fiona Apple

Pirelli Calendar

À espera que o tempo passe ...

2005-03-12

Later Night Kiss


George S. Zimbel

2005-03-11

11 de Março

O terror e o medo invadiram Madrid há um ano atrás.
Foi um dia que mudou a vida dos madrilenos e de muitos europeus.
As fragilidades vieram ao de cima.
Não podemos nos deixar intimidar por estes movimentos fundamentalistas.
A retoma da normalidade é a melhor resposta.
A firmeza no combate ao terrorismo a melhor arma.

2005-03-10

(cumpli)Cidades #28

Hoje temos ex-elementos dos Pulp com o projecto Desesperate DJ´s a prometer transformar o Lux num salão de baile.
Se continuarem com a criatividade de outros tempos será sem dúvida uma noite prometedora.

A foto do Sr. Freitas

A história da foto de Freitas do Amaral é um excelente momento de humor na vida política portuguesa. E não deve ser interpretado para além disso. Foi uma espontaneadade num país politicamente correcto, sem consequências para ninguém.

2005-03-09

Desemprego e Imigração

A ideia que se instalou de que os portugueses já não estão dispostos a realizar certas tarefas é falsa e tem levado à degradação das condições laborais dessas ditas profissões para "imigrantes".
É por isso urgente fazer respeitar as quotas, mas sem fechar as fronteiras, de forma a proteger os desempregados e não criar falsas esperanças aos que estão para vir.
Contudo não é desejável, nem justo, excluir os que já se encontram cá mesmo em situação ilegal, por imperativos humanos e até de compreensão histórica. Mas o facilitismo na entrada, aliado a um discurso que não é verdadeiro, pode levar ao aumento do desemprego entre os portugueses, assim como, do emprego precário para os estrangeiros.

Novo Governo

A orgânica do novo Governo parece-me bem. Não desmultiplica ministérios desnecessáriamente e não junta o que deve estar separado.
A coordenação política é uma grande incógnita, dado que António Costa tem a pasta da Administração Interna, Pedro da Silva Pereira não parece ter estofo e Augusto Santos Silva sempre esteve mais virado para as áreas sociais, como a educação e a cultura.
A política externa também pode vir a ser uma má surpresa. Tive ocasião de dizer que compreendia o apoio de Freitas do Amaral ao PS, mas acho que assumir esta pasta é excessivo, ainda por cima tendo assumido posições anti-americanas do tipo Bloco de Esquerda, contrariando toda a lógica da política externa portuguesa.
A presença de muitas figuras ligadas às universidades e a falta de figuras ligadas às empresas, é um desiquilibrio que poderá dar origem a muitos livros brancos e poucas medidas.
A se confirmarem estas reservas o Governo terá dificuldades acrescidas num muito curto prazo, mesmo com uma composição que na sua generalidade é equilibrada, mas que não aguentará politicamente muito tempo um clima de contestação por estas eventuais falhas.

2005-03-08

É pior a emenda que o soneto

A venda da Lusomundo ao grupo liderado pelo empresário Joaquim de Oliveira, irá se revelar uma péssima opção.
O país desconhecia por completo a capacidade financeira do empresário, que não revelou grande dificuldade no processo, e é legitimo questionarmos a proveniência da mesma.
Sabemos à partida que foi e é uma pessoa importante no mundo do futebol e que está associado ao clima de suspeição que paira sobre ele. Mesmo que não existam processos pendentes, o Estado tem que ser mais cauteloso ao abrir as portas do poder da comunicação social.
Espero estar enganado, mas tenho a intuição que se abriu uma tribuna de destaque e com suporte intelectual, porque os jornalistas e cronistas terão que viver, para todos aqueles que se acham acima da lei, que usam o poder eleitoral para todos os devaneios, para a consagração de uma cultura rasca e manobras de favorecimento pessoal sem escrupúlos.
A miha esperança é que a justiça tem dado provas que está a funcionar melhor e irá ser o único garante desta investida de consequências incertas para a sociedade portuguesa.

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